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    Reinaldo, uma voz do pagode carioca em São Paulo

    Morto aos 65 anos, o cantor deixa discografia pautada pela produção autoral de bambas do Rio de Janeiro, como Arlindo Cruz e Jorge Aragão.

    Reinaldo, uma voz do pagode carioca em São Paulo

    Cantor que morreu na madrugada desta segunda-feira, aos 65 anos, em decorrência de câncer no pulmão, Reinaldo Gonçalves Zacarias (9 de novembro de 1954 – 18 de novembro de 2019) era um carioca da gema criado nos nobres quintais do samba cultivado na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

    No Rio, chegou a trabalhar como músico, acompanhando bambas como Ivone Lara (1922 – 2018) e Roberto Ribeiro (1941 – 1996) nos anos 1970. Mas não foi na terra natal que o artista ganhou fama.

    Reinaldo, como o cantor era conhecido artisticamente, encontrou o caminho do sucesso ao se mudar para a cidade de São Paulo (SP) na primeira metade dos anos 1980.

    Nessa década, mais precisamente a partir de 1985, o pagode carioca emergiu com força, indo do fundo dos quintais para as paradas nacionais nas vozes de Almir Guineto (1946 – 2017) e Zeca Pagodinho, entre outros bambas revelados na quadra do Cacique de Ramos.

    Foi então que, já estabelecido em São Paulo (SP) e contratado pela gravadora Continental, Reinaldo se tornou espécie de embaixador do pagode carioca nas rodas de Sampa.

    Através da Continental, o cantor lançou quatro álbuns – Retrato cantado de um amor (1986), Aquela imagem (1987), Reinaldo (1989) e Coisa sentimental(1990) – que sedimentaram a carreira fonográfica do artista.

    Reinaldo, uma voz do pagode carioca em São Paulo
    Reinaldo em capa de álbum de 1989 — Foto: Reprodução / Capa de disco

    Essa carreira perdeu impulso na década de 1990 com a supremacia comercial do pagode paulista de grupos como Raça Negra. Só que Reinaldo já estava na roda e lá permaneceu.

    Já nos discos iniciais, Reinaldo deixou bem clara a raiz do samba do artista, optando por dar voz a músicas de compositores cariocas como Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Mauro Diniz, Monarco e Sombrinha, entre outros.

    Arlindo Cruz, Jorge Aragão e Sombrinha retribuíram e participaram, anos depois, do álbum Reinado e seus convidados  Pagode pra valer (1999), disco em que o chamado Príncipe do pagode se mostrou anfitrião flexível, recebendo tanto os bambas cariocas como expoentes do pagode paulista como os grupos Exaltasamba e Negritude Junior. Esse bem-sucedido projeto fonográfico gerou outros dois discos gravados com a mesma fórmula.

    Querido no meio do samba, Reinaldo gravou discos com menor regularidade nos últimos 15 anos, mas tinha público fiel nos shows, sobretudo em Sampa, terra em que reinou o Príncipe do pagode, epíteto que teria sido cunhado por locutor de rádio ainda nos anos 1980 e desde então adotado pelo cantor.

    A saída de cena de Reinaldo entristece as rodas de samba, as de Sampa e as do Rio de Janeiro.

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